Um dilema chamado Amamentação!

Estamos vivendo, nos últimos dias, um momento bem delicado, meu leite aos poucos está diminuindo e em alguns momentos não consigo atender ao pedido do meu pequeno. Certa noite, por volta de 23h o Gabriel pediu mama e eu só consegui amamentá-lo a 1h da manhã, não havia nenhum tipo de leite em casa que eu pudesse dar a ele, e fui enrolando até finalmente o leite descer. Mesmo ele com 9 meses, comendo de tudo, a ideia de ter que recorrer ao leite artificial, mesmo que apenas em último caso, deixa-me muito chateada. E com esse “fim” se aproximando, peguei-me pensando no começo, em tudo o que vivemos: nas dificuldades, nas dores, no desespero, nos pensamentos negativos, na força e persistência, e venho dividir com vocês como foi minha experiência em amamentar até aqui.

Já começo dizendo que se tem uma coisa que a experiência me ensinou é que AMAMENTAR NÃO É LINDO E MUITO MENOS PRAZEROSO como retratam os comerciais de TV (sei que vou causar polêmica mas é minha opinião baseada no que vivenciei), pelo menos não no começo. Amamentar dói, machuca, sangra, cansa, desgasta, faz nos sentirmos péssimas por vezes, até mesmo por passar pela cabeça o pensamento de desistir (sim, pode acontecer).

Amamentar é um processo de aprendizado, você e o bebê sabem exatamente o que devem fazer, mas não sabem como. São dias ou até semanas de aprendizado de ambas as partes, e nesse período precisamos ter muita calma, paciência, compreensão para conseguirmos lidar com a situação e não desistir (e é muito difícil). Eu me recordo que já no hospital tive muitas dificuldades. A primeira mamada, assim que o Gabriel chegou no quarto, foi uma beleza, chorei de emoção na hora, porém as demais mamadas ainda estavam por vir (risos). Sempre que o Gabriel queria mamar e eu tentava ajudá-lo, fracassava. Não entendia como aquilo era tão difícil. O que me deixava mais chateada ainda, era quando eu recorria a ajuda de alguma enfermeira, ela magicamente fazia o pequeno abocanhar meu seio, mas bastava ela sair do quarto para o pequeno largar o seio e começarmos a batalha tudo de novo. E a segunda madrugada que ele resolveu ficar “chupetando” no meu seio, aiai… Lembranças.

Porém, chegar em casa nos deu uma certa tranquilidade e confiança a mais (sim, senti que o pequeno também estava melhor em casa do que no hospital), e a “luta” continuava. Luta constante para ser forte e dar para aquele pequeno ser, tudo o que ele precisava, amor e carinho em forma de alimento. E ao longo dos primeiros dias meu seio rachou, sangrou, o pequeno recusou o seio machucado, o que sobrecarregou o outro, tive que usar bombinha, minha nossa quanto leite. Haja pomada de lanolina para cicatrizar as rachaduras (fica a dica, eu usei Lanidrat, não tem necessidade de lavar o seio antes da mamada). Mas a medida que o tempo passava, aprendíamos cada vez mais a lidar com a situação, até finalmente ambos estarmos craques no quesito amamentação :D. Começava a gostar daquilo, mas ainda estava no modo automático.

Ai veio a primeira “crise”. Por volta de 1 mês e meio, passamos pelo nosso primeiro pico de crescimento (falo sobre isso nesse post aqui), e durante esse período, havia momentos do dia em que o Gabriel mamava de hora em hora, insaciável. Comecei a me desesperar achando que não tinha leite suficiente ou que talvez essa história de leite fraco fosse mesmo verdade. Procurei informações na internet e me deparei pela primeira vez com o assunto “Picos de crescimento e Saltos no desenvolvimento”, e lendo a respeito, comecei a me tranquilizar e continuar firme na minha jornada. Era normal, todo o bebê passa por isso, em resumo os bebês não crescem gradativamente, dia após dia, na verdade eles tem uns períodos de estirão, e por isso, nessa fase eles necessitam de mais alimento. Por sinal, geralmente é nessa fase que muitas mamães param de amamentar, por achar que não possuem leite suficiente ou que o leite é fraco ou ainda por não aguentarem a situação cansativa (ouvi muitas histórias de mães que pararam nessa fase, inclusive uma amiga que parou de amamentar mas incentivou-me a continuar, dizendo que era normal e tals). Mamães, fica o alerta: você tem leite suficiente sim e ele não é fraco, a medida que o bebê solicita o leite materno, nosso organismo se adapta a necessidade e aumenta a produção, e mais, é um momento passageiro, como toda a fase que o bebê vive, dura dias, no máximo semanas, e após essa fase a rotina volta ao normal. Então, tentem ser compreensivas, fortes e tenham um pouco de paciência, por mais difícil que possa ser. Você é capaz, acredite em si mesma!!!

Bem, voltando… depois dessa fase as coisas simplesmente começaram a fluir. Eu sai do automático – acorda, mama, troca fralda, coloca pra dormir (e chora em todos esses momentos) – e passei a curtir aquele ser, a olhá-lo com admiração, com amor. E ele também, estava diferente, olhava-me fundo nos olhos, sorria as vezes (eu acho), retribuía meu afeto.

Os meses foram passando, algumas crises indo e voltando, picos de amamentar demais, de menos, momentos em que eu cansava e dizia que não aguentaria mais amamentar (besteira, falava da boca pra fora) e contando os meses para atingir, no mínimo, minha meta. Desde que eu engravidei, sonhava com a amamentação, e dizia a mim mesma que seria forte e o amamentaria pelo menos até o 6 meses (tempo mínimo recomendado pela OMS).

Finalmente o Gabriel completava 6 meses. Desde os 5 meses comia algumas frutas e tomava sucos e agora começaríamos mais uma etapa: almoço e jantar, teria uma folga na amamentação nesses horários. E foi exatamente o que aconteceu, o pequeno se adaptou tão bem a papinha salgada, que raramente precisava complementar com leite materno na sequência, e com o intervalo sem amamentar, o leite havia aumentado, mas por pouco tempo. Assim que a rotina se instalou, meu organismo também se adaptou, porém também começou a dar os primeiros sinais de que talvez o fim da amamentação estivesse próximo. Em alguns momentos, no horário de amamentar, o leite demorava a descer, as vezes 5, 10 minutos, era frustrante pois o pequeno não entendia e ficava, algumas vezes, desesperado. Mas ainda assim mantive-me firme e insistente. Nessa fase começaram a aparecer os primeiros dentinhos, e a ansiedade de o pequeno morder meu seio e eu desistir de amamentar por isso. Ouvi cada história horrível sobre o bebê morder o seio da mãe até sangrar, arrancar um pedaço do bico do seio… e cheguei a conclusão que não existe meio termo para uma contação de histórias maternas: ou são 100% lindas ou 100% assustadoras, tem que se ter muito pé no chão (risos). De qualquer forma nada aconteceu, algumas leves mordiscadinhas quando ele cochilava durante a mamada, mas possíveis de sobreviver

Com 8 meses, o Gabriel contraiu sua primeira virose, junto com ela apareceu uma feridinha na garganta que o fez recusar a papinha salgada, doce, e passou a mamar apenas. Achei que ia enlouquecer. A sensação de fracasso por regressar a rotina do começo era frustrante, e muito, muito difícil. Foram quase 2 semanas de amamentação exclusiva novamente, e apenas no seio. O medo de começar tudo de novo, de ele não aceitar mais o alimento sólido, de finalmente eu desistir e partir para o leite artificial. Mas passou, superamos mais essa fase e a rotina tranquila voltou a reinar em casa.

Hoje, o Gabriel está com 10 meses (comecei a escrever esse texto há 1 mês +/-), alimentando-se super bem de sólidos, já tem seus sabores preferidos, desfrutando do leite materno 3x ao dia que ainda não secou e não falhou bruscamente a ponto de recorrer ao leite artificial… E quem diria, tenho pensado sobre amamentar até os 2 anos de idade (ou pelo menos o quanto eu ainda for capaz). Nunca pensei que um dia cogitaria a possibilidade e nunca pensei que um dia eu diria que gosto de amamentar, que hoje sinto prazer e muito amor ao vê-lo se alimentando de mim. Foi uma difícil jornada até aqui, sem dúvida, como ouço muitas mães dizerem “ser mãe é padecer no paraíso”, fato, mas a satisfação de missão cumprida não tem preço. Olhar para trás, ver toda aquela dificuldade e perceber o quanto fui forte e guerreira (e por favor “super mamães” sem aqueles clichês de que eu não fiz mais que a minha obrigação ok) simplesmente não tem preço.

E como eu disse no começo desse relato “AMAMENTAR NÃO É LINDO E MUITO MENOS PRAZEROSO”, mas realmente isso é só no começo, porque ao longo do tempo, o aprendizado a dois é tão intenso, que aos poucos, supera toda a dificuldade vivida.

primeira mamada do Gabriel

primeira mamada do Gabriel

mamando

Mamando ao 10 meses de idade

Carta de um recém nascido

A chegada de um bebê é carregada de felicidade, entusiamo e curiosidade. Pais, familiares, amigos, todos se contagiam… Porém, muitas vezes se esquecem da importância dos cuidados iniciais com esse novo serzinho, já querem logo visitá-lo, pegá-lo, embalá-lo, beijá-lo, enfim, toda essa agitação pode e certamente irá incomodar o pequeno, que acabou de chegar ao mundo e não faz ideia do que está acontecendo.

Sendo assim, trago uma cartinha, na visão do recém nascido, com orientações dos cuidados que ele gostaria muito que tivessem com ele. Confiram:

Gabriel Amaral - 10 dias de vida

Gabriel Amaral – 10 dias de vida

Carta de um recém nascido

Olá!

“Eu acabei de nascer, preciso de silêncio!

Eu preciso dormir bastante, por favor,
só me acorde para ser amamentado ou trocado.

Não exija demais da minha mãe,
alguns palpites podem confundi-la!

Eu sei que sou fofinho, mas ficar de colo
em colo não é confortável para mim…

Se for me pegar, lave muito bem suas mãos.

Não me compare a outros bebês, pois cada
qual possui suas particularidades.

Meu nariz é muito sensível,
não use perfume quando vier me visitar.

Eu adoro chupar dedo, evite pegar
nas minhas mãozinhas.

Eu adoro seus carinhos, mas beijos podem
me causar problemas.

Se estiver resfriado, volte outro dia.

Teremos outras oportunidades
de nos conhecermos melhor…

Obrigado, daqui a pouco vou crescer
e a gente vai se curtir bem mais.”

(Autor desconhecido)

Quando nasce um bebê, nasce também um pai!

“Quando nasce um bebê, nasce também um pai!” – Alguém já ouviu essa frase? Não? Pois é.

Acho injusto ler ou escutar apenas sobre como a vida da mulher muda quando ela se torna mãe, dos sacrifícios, dos esforços, do amor, de tudo o que ela vive e sente em relação ao filho, bem como ler ou escutar injúrias sobre os papais, que eles não ajudam, não participam, que a vida deles não muda em nada com o nascimento do filho… Pode ser que a mudança na vida de uma mulher seja mais intensa do que na vida de um homem, mas eu acredito que “Quando nasce um bebê, nasce uma mãe E um pai também!” Afinal, a decisão de ter um filho é do casal certo?! (pelo menos na grande maioria dos casos). E mais ou menos, ambos se tornarão pais e sofrerão com as consequências da decisão tomada. Nem todos os pais são omissos como escutamos, bem como nem todas as mães são participativas e carinhosas.

Eu vejo a situação da seguinte forma: uma parte do problema dos “pais omissos”, está na licença paternidade brasileira que é de apenas 5 dias (não que isso seja uma desculpa). Convenhamos que isso está longe de ser o ideal para o pai ter tempo de conhecer aquele novo serzinho que habita a sua casa. Quem tem filhos em casa, sabe bem que as primeiras semanas de vida com eles são muito difíceis (pra não dizer insanas) e a presença do pai nesse momento é crucial. O bacana dessa participação inicial, é que ambos aprenderão juntos a cuidar do pequeno, reconhecer os sinais do que ele precisa, identificar os tipos de choro, ajudar um ao outro. Uma alternativa para o pai aproveitar esses momentos é tirar férias no período, se for possível, assim ele terá tempo de vivenciar essa novidade junto com você.

A outra parte do problema está em nós mamães. Já parou para pensar se está incluindo o pai na vida do pequeno? Nas tarefas do dia-a-dia? Eu escuto muitas mães reclamarem da falta de participação dos pais, mas ao mesmo tempo, eu vejo essas mesmas mães impedindo-os de realizarem uma determinada tarefa alegando que eles não sabem, ou que por elas terem mais prática vão terminar mais rápido, dentre várias outras desculpas. Sim, desculpas, é assim que eu vejo. Do mesmo modo que precisamos de tempo para aprender a cuidar dos nossos bebês (lembrando que a nossa licença maternidade é de 4 a 6 meses), os pais também precisam desse tempo, e dependem de nós para incluí-los nesse período de aprendizagem. Lembram que eu falei no parágrafo anterior sobre ambos aprenderem juntos?! Então, é essa a ideia. Deixe-o participar dos cuidados do bebê desde pequeno, quem sabe aprender junto com você a trocar uma fralda, uma roupa suja, dar o banho. Aprenderem juntos desde cedo é a melhor forma de um não se sentir melhor que o outro, de mandar o medo embora e se divertirem com as situações inusitadas.

Querem exemplos??? Contarei brevemente como as coisas aconteceram aqui em casa.

Meu marido tirou 20 dias de férias para passar um tempo a mais conosco, principalmente porque decidimos não ter ajuda externa. Durante 20 dias fomos apenas nós: mamãe, papai e bebê (sem visitas no primeiro mês). Conhecendo um ao outro, revezando para dormir nos primeiros dias (achávamos que um deveria ficar acordado olhando o bebê, rio muito quando lembro disso), alternando na troca de fraldas, na troca de roupas, na hora de lavar as roupas, na hora de cozinhar, em praticamente tudo, exceto o banho, esse ficou por minha conta por um tempo, até me sentir confiante e com habilidade para ensinar ao meu marido (a pedido dele). Com 18 dias o Gabriel dormiu no próprio quartinho pela primeira vez graças ao pai, ele teve a iniciativa de colocar em prática o meu desejo. Com 1 mês e meio o Gabriel tomou seu primeiro banho de chuveiro, também graças ao pai, e aí a história se inverteu, ele deu vários banhos no pequeno, até ambos se acostumarem, para depois eu criar coragem e aprender a banhá-lo no chuveiro.

Hoje nossa rotina continua a de revezamento, claro que eu passo mais tempo com o Gabriel e faço a maior parte das coisas pois abri mão do meu trabalho para dedicar-me integralmente ao pequeno, mas as noites são praticamente do pai, e as vezes o almoço, e o pequeno acostumou-se com a rotina de tal forma que, não ter o pai a noite é muito frustrante para mim pois o pequeno fica muito agitado e ao mesmo tempo triste. O almoço sou eu quem dá, o jantar é por conta do papai, o banho cada dia é um, o ritual de brincar e alimentar as cachorras junto com o Gabriel também e na base do revezamento, de manhã sou eu e a noite é o papai.

Enfim… Falei que seria breve né (risos). Antes de simplesmente julgarem, reclamarem, ou o que quer que seja, repensem o que vocês mamães estão fazendo para incluir os papais nos cuidados com o pequeno, eles não são nossa propriedade OK. Tenho certeza que a grande maioria tem o desejo de curtir o pequeno, lembrando o que mencionei no começo deste post, a decisão de ter um filho não foi apenas da mãe, certo? Façamos a nossa parte em permitir que eles façam a parte deles, sejam pais.

E agora curtam algumas fotos do papai do ano (risos):

1

primeiros dias dormindo juntos

2

troca de fralda frustrada – ele fez cocô assim que abriu a fralda, foi tudo pro chão e um pouco na roupa do papai (risos)

3

dormindo juntos novamente

4

usando o sling pela primeira vez

5

primeiro banho de chuveiro

6

curtindo um churrasquinho

7

tomando banho ou brincando?

8

trabalhando com o papai

9

xxxxiiiiii fiz cocô papai

10

invasão da irmãzona Shasta

11

Imitando o papai

12

Golpe baixo (risos)

13

Papai aproveitando o cafuné

14

Vamos cavalinhooo!

3 verdades sobre as mães que dão a luz por cesárea

Para as mamães que passaram por uma cirurgia para trazer seus filhos ao mundo e por alguma razão sentem-se culpadas pela escolha (eu me senti assim por algum tempo); para as mamães que escolheram a cirurgia com tranquilidade; para as mamães que não tiveram escolha; para as mamães que não entendem e por isso criticam as outras mamães que fizeram a escolha ou simplesmente não tiveram a opção.

Para todas essas mamães, dentre outras que existem por aí afora, eu dedico esse emocionante texto, escrito pela escritora e fotógrafa de partos Monet Moutrie.

3 verdades sobre as mães que dão à luz por cesárea
(por Monet Moutrie)

Como fotógrafa de partos, sou convidada para captar algumas das histórias mais importantes na vida de famílias. Eu penetro no espaço íntimo das famílias e documento os momentos pequenos e grandiosos que acontecem no parto. Conto a história da entrada de um filho no mundo. As lutas, os medos, a dor, a alegria.

Essas histórias são belíssimas.

1

Vejo um certo tipo de parto sendo enaltecido como ideal, e em meu trabalho eu capto muitos partos que correspondem a esse padrão. O fictício “grande troféu do parto” sempre parece ficar com os partos vaginais sem anestesia, em que a mãe e seu parceiro participam ativamente, sem serem tolhidos por médicos ou enfermeiras. Ontem à noite li uma história estarrecedora sobre uma mãe que deu à luz em sua própria banheira, em casa, sem que isso tivesse sido planejado. O marido dela recebeu o bebê nas mãos, porque não havia mais ninguém presente. Eles estavam em casa, ficaram sentados no sofá, curtindo toda a beleza daquele momento. Foi uma história de parto incrível, e tenho certeza que será transmitida inúmeras vezes.

Alguns de vocês podem ter lido sobre o parto vaginal espantoso que fotografei em fevereiro, em que o bebê nasceu pelos pés. A mãe estava sendo preparada para uma cesárea de emergência quando sentiu necessidade tão urgente de empurrar que sua filha nasceu quando ela já estava na mesa de cirurgia, e os pés saíram primeiro. Foi mais uma história incrível de parto que inspirou inúmeras mulheres a não desistirem do que querem em matéria de parto.

Mas ultimamente ando pensando nos casos das mães cujas histórias nem sempre recebem likes, que não ganham parabéns e cujas histórias de parto não são compartilhadas no Facebook. Ando pensando nas histórias de parto por cesárea e das mulheres corajosas que dão à luz com tanta beleza e força.

Proponho que valorizemos estas três verdades relativas às mães de cesárea.

2

1. As mães que dão à luz por cesariana são corajosas.

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Os preparativos para uma cesárea não são fáceis. Muitas vezes o companheiro da mãe não pode ficar com ela, ou então só pode entrar depois de ela ter recebido a anestesia peridural e todo o mundo ter “assumido suas posições”. Ou seja, enquanto médicos e enfermeiras se movimentam para todo lado, preparando a sala de cirurgia para o parto (e talvez conversando sobre o almoço ou sobre o filme que viram no fim de semana), a gestante fica sentada numa mesa gelada de operação, pensando no que vem pela frente, muitas vezes assustada e sentindo-se muito só.

Nessas horas, a mãe de cesárea preciso se aferrar ao amor enorme que tem por seu bebê. Ela deixa o medo chegar… e então o deixa partir. Ela sabe que, nesse momento, o que é melhor para seu filho é isso, mesmo que “isso” seja uma cirurgia de grande porte, que envolve cortes e cicatrizes. Mesmo que “o que é melhor” envolva abrir mão do sonho ou da visão de parto que ela vem alimentando há nove meses.

Se você nunca passou por uma cesariana, experimente visualizar a realidade difícil desse momento. Ponha-se no lugar dessa gestante, em cima dessa mesa, esperando, possivelmente com medo. Acho que você vai perceber na hora como são corajosas as mães que dão à luz por cesárea.

2. As mães que dão à luz por cesárea são fortes.

Poucas mães dirão que uma cesariana foi a primeira opção que lhes veio à cabeça quando pensaram em dar à luz. Na melhor das hipóteses, a cesárea é algo que é feito por necessidade médica; na pior, pode ser feita devido às práticas desatualizadas do médico ou para a conveniência dele.

Algumas mães têm semanas para se prepararem mentalmente para mudar seus planos para o parto, mas outras têm apenas dias, horas ou mesmo minutos. De repente, tudo que a mãe visualizou para aquele momento em que vai encontrar seu filho cara a cara mudou. Seu plano de parto foi descartado. O que há pela frente é uma cirurgia. Ela não sabe quanto tempo terá que esperar depois do parto para poder segurar seu filho nos braços.

Nós, humanos, geralmente não nos damos bem com situações em que as coisas mudam de repente. Mesmo assim, as mães que dão à luz por cesárea encontram um jeito de abrir mão do orgulho e convocar aquela força interior que lhes permite encarar a nova realidade e dar à luz.
Então acontece a cirurgia. O corte, a sutura. A recuperação completa muitas vezes leva meses.

Depois de uma cirurgia de grande porte, a maioria de nós gostaria de ficar descansando, curtindo um prato de sorvete e uma pilha de filmes, mas as mães que deram à luz por cesárea fazem o contrário. Elas cuidam de seus bebês lindos e indefesos, os alimentam, criam vínculos com eles.

Essas mulheres são muito fortes, física e emocionalmente. E essa força não se manifesta necessariamente apenas no dia do parto: ela precisa continuar presente nas semanas, nos meses e nos anos que vêm pela frente. Enquanto isso, o corpo e a alma da mãe se refazem, e ela cria novos sonhos com seu filhinho no colo.

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3. As mães que dão à luz por cesárea são belas.

A maternidade deixa cicatrizes em todas nós. Algumas delas são emocionais, e outras são físicas. As mães por cesárea muitas vezes têm os dois tipos. Mas suas cicatrizes são sinais da força e da coragem que elas tiveram quando puseram seus filhos no mundo. A cicatriz de uma mãe por cesárea é a porta pela qual passou seu filho em sua passagem de um mundo para outro.

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Fico fascinada pelo caráter distinto de cada cicatriz: a textura, o comprimento, a localização. Cada cicatriz é singular, e cada história de parto por cesárea, também. As cicatrizes são belas e merecem ser elogiadas. Em vez de criticar as mães que dão à luz por cesárea, precisamos incentivá-las a mostrar ao mundo suas cicatrizes de coragem e força.

Fonte: http://www.brasilpost.com.br/monet-moutrie/3-verdades-sobre-as-maes-_b_7268226.html?ncid=fcbklnkbrhpmg00000004

Nasceu! E agora? – Os primeiros dias com o Gabriel no hospital

Ok! Gabriel nasceu! Lindo, maravilho, cheiroso… mas e agora?! Lembro que durante a gravidez, muitas mães deram-me conselhos sobre os dias em que ficaríamos internados no hospital, para aproveitar esse tempo e descansar, aprender, pedir ajuda, e eu inocente, fiquei na expectativa de ter isso. Aaahhh se eu soubesse o que me esperava…

2014-10-03 09.47.10 (1)

Logo de cara já digo, os dois dias que ficamos no hospital, foi péssimo, frustrante, aterrorizante! Eu achei que iria enlouquecer ou sair de lá com uma super depressão pós-parto. O Gabriel foi para o quarto, junto de mim, algumas horas depois do seu nascimento e assim que adentrou, veio deliciar-se em sua primeira mamada (esses detalhes ficam para um outro post – aguardem!). Porém, as horas foram passando e o clima gostoso foi mudando. Como diria minha mãe, durante o dia “eram só alegrias”, mas as noites, necessariamente após as trocas de turno, o caos se instalava.

Sinceramente, aahhhh que ódio de não sermos orientadas sobre algumas situações de extrema importância antes de elas acontecerem! Na primeira noite, o Gabriel começou a se engasgar e soltar um líquido que parecia água suja, a primeira vez que aconteceu (porque foram várias) eu estava sonolenta e não notei, minha mãe que estava observando, tirou-o imediatamente de seu bercinho e saiu correndo do quarto, sem me dar explicações, e eu em pânico, recém operada e com muitas dores, quase voei da cama atrás dela, “o que essa louca pensa que está fazendo com o meu filho!!” pensei. A enfermeira que estava próximo a porta do quarto, entrou com a minha mãe e meu filho e explicou que bebês que nascem de cesariana, bebem muita água do parto, e ao longo de algumas horas, eles soltam aos poucos essa água. MEU DEUS!! Porque não me alertaram disso antes, não teria corrido o risco de abrir meus pontos e esganar a minha mãe (mentirinha). Depois do susto, agora estávamos cientes e sabíamos o que fazer.

A amamentação só deu certo na primeira vez (ou nos turnos do dia rs), porque nas demais ou 1. o Gabriel não conseguia pegar meu seio da forma correta, e aí chorava, chorava e chorava, ou 2. usava meu seio de chupeta incansavelmente. Na situação 1, sempre que eu podia, pedia ajuda a enfermeira, queria aprender a ajudar meu filho a aprender, porque sozinha nunca dava certo, era incrível e quando a enfermeira vinha ajudar (quase nunca rs) ela magicamente fazia aquele serzinho abocanhar direitinho, aí por conta disso eu ouvia “Mãezinha você não está fazendo direito, você está de má vontade, você não quer amamentar seu filho? Que feio, você tem que ter paciência”. Resultado: eu me senti um lixo. Poxa vida, estava fazendo tudo o que era possível, tentando, tentando e tentando. Ahh e tem mais “Você tem que parar de ser ruim e dar de mamar para seu filho, ele não pode ficar sem leite por mais de 3 horas porque senão a glicose dele irá cair e ele passará mal”. Aaaahhh socorrooo, meu filho vai entrar em colapso daqui a pouco. Em uma das madrugadas deram a ele fórmula, na mamadeira, fugindo totalmente à regra do hospital, fiquei horrorizada, fizeram sem meu consentimento. E é assim mesmo, cada enfermeira faz e fala algo diferente: “Amamentar de 3 em 3h; de 4 em 4h; você deve amamentar sempre que ele quiser; você está mimando seu filho colocando ele no peito toda hora; assim que o bebê nasce, ele tem uma reserva de até 12h, não se preocupe…” E assim chegamos a situação 2, segunda noite no hospital, passei a madrugada inteiraaa com ele pendurado no meu seio, uma forma péssima que achei para fazê-lo mamar de algum jeito e me sentir menos culpada. Chorei a noite inteira, meus seios racharam, sangraram e conclusão “Mãezinha, você está de má vontade e fazendo besteira, da chupeta para essa criança, sua boba”. Aaaahhhh quero ir embora.

Mas eu tinha que sofrer só mais um pouquinho… Passados os 2 dias de internação, finalmente o Gabriel havia recebido alta e só estávamos esperando a minha alta ser liberada, mas a pessoinha aqui, inocentemente, informou a enfermeira que havia algumas horas que eu estava sentindo dor de cabeça, que não cessavam diante dos medicamentos que me era oferecido. Ligaram para minha obstetra, ela pediu para que outro obstetra que se encontrava no hospital cuidasse de mim, enquanto ela estava a caminho (ela estava em outra cidade nessa hora). Eu estava tendo uma reação a anestesia. Deram-me mais remédios e passei a ficar deitada o tempo todo. Sem sucesso, a dor não passava. Ligaram mais uma vez para a obstetra, passaram o telefone para mim, e diante da minha resposta sem melhoras ela me informa então que eu passaria mais uma noite no hospital. WHAT? Não pode ser!! Em choque, desliguei o telefone, fui para o quarto, abracei meu marido e desabei a chorar “Eu não posso ficar aqui mais uma noite, eu não aguento mais, eu não tenho estrutura psicológica para viver mais uma noite aterrorizante, pelo amor de Deus eu quero minha casaaaa!!” Quem diria né, mas foi exatamente isso que desejei, ir embora o mais rápido possível.

Algumas horas depois, sem melhoras e após conversar com meu marido, liguei para a obstetra e menti, disse que estava bem, e que queria ir embora. Tive que esperá-la chegar ao hospital, conversar comigo (e eu fingindo uma cara maravilhosa), para enfim me dar alta. Uffa!!! Acabou, nem acredito, vamos finalmente embora para casa.Troquei-me rapidamente, antes que ela mudasse de ideia, ouvi todas as recomendações necessárias e as 18h30 despedi-me do hospital.

Considerações finais: “Quando nasce um bebê, nasce uma mãe!” Mentiraaa, a mãe só vem com o tempo, fato; “Confie no seu jeito”, mesmo dos profissionais da saúde, ouvimos informações diferentes sobre um mesmo assunto, apenas confiando em nosso jeito e tentando manter a cabeça no lugar (o que é extremamente difícil nos primeiros meses), é que as coisas irão fluir.

Minha jornada até o dia do parto

Tive uma gravidez tranquila, sem enjoos, sem problemas com sono, sem qualquer tipo de complicação, e tudo indicava que eu teria um parto normal, e este era o meu maior desejo.

De certa forma, eu tinha preconceito ao parto cesárea, mais que isso, tinha um grande medo (pode-se dizer um trauma de infância) pois minha tia faleceu 2 semanas após dar a luz – por parto cesárea – devido a uma imprudência médica.

Com 36 semanas de gestação, fui a consulta de acompanhamento, e soube que estava com um dedo de dilatação. Meu coração disparou na hora, uma mistura de ansiedade, alegria e certeza de que eu teria um parto normal. Porém as semanas foram passando e nenhum progresso foi observado. Sem mais dilatações, a bolsa não afinava e o Gabriel (meu filho) por mais que estivesse de cabeça para baixo, por alguma razão não estava encaixando. A obstetra suspeitava que a cabeça dele fosse grande, não podendo se encaixar.

36 semanas - por João Mates Scarpa

36 semanas – por João Mates Scarpa

Meu marido e eu conversamos muito a respeito, deixei claro que meu desejo era o parto normal, desde que não houvesse riscos ao nosso filho, e ele, claro, entendeu minha posição e me apoiou a todo instante. Combinamos, no entanto, que não estenderíamos a gestação para além de 40 semanas, pois tinhamos medo de complicações.

Com 38 semanas, a obstetra sugeriu a cesárea, que imediatamente recusei dizendo que meu desejo era o parto normal e que gostaria de esperar as 2 ultimas semanas. Desse dia em diante, ia ao consultório dia sim, dia não, sempre na expectativa porém sem nenhuma novidade.

Comecei então a me descontrolar. O medo da cesárea era muito grande e isso começou a afetar-me psicologicamente: comecei a ter problemas de insônia, acessos de choro, medo… Fiquei instável.

Logo pela manhã, tive uma consulta com exatas 39 semanas, meu marido estava comigo. Como nas outras consultas, nenhuma alteração e nada de o nosso filho encaixar. Mais uma vez, preocupada, a obstetra sugeriu a cesárea para aquele dia mesmo. Levamos um susto. Meu marido e eu trocamos olhares, eu já ficando com os olhos marejados e a barriga gelada, sentindo todas as borboletas possíveis e imagináveis brincando no meu estômago. Conversamos um pouco, jogando a pergunta um para o outro: “O que você acha?” Quando enfim meu marido disse: “Se não decidirmos por fazer o parto hoje, vamos ter que marcar uma data, certo? Porém só com a possibilidade você (eu) já está ficando nervosa, se sairmos daqui com uma data e a certeza de que será cesárea, temo pela sua saúde e a do Gabriel. Logo acho que deveríamos optar por agora.” O silêncio se instalou no consultório, até que enfim decidi me internar e trazer ao mundo o nosso anjinho.

E lá fomos nós.